ervas aromáticas e medicinais

Temos um pequeno espaço dedicado às ervas aromáticas e medicinais. Já este bem mais bonito, mas com um verão como este de 2010, não há planta que resista, mesmo com rega diária.
A Ti Odete "Pardala" deu-nos umas perpétuas que logo criaram flor. disseram-nos que eram excelentes para chá medicinal. Pesquisei na NET e encontrei esta informação curiosa obtida pela DN da Madeira (11 de Abril de 2010), junto de Uma vendedora de chás no Mercado dos Lavradores no Funchal.:

É conhecido pelo Homem há séculos: o poder curativo das plantas. A ponto de ainda hoje muitas dessas plantas serem utilizadas não apenas como remédios caseiros mas, também, como matéria- -prima de muitos medicamentos. As chamadas plantas medicinais, com efeito, apresentam grupos de substâncias activas em quantidades variáveis e que dão importantes indicações quanto aos respectivos poderes curativos.
Mas se plantas (medicinais) há muitas, as flores terão a mesma importância? Obviamente que não, na medida em que as substâncias activas de interesse não se encontram distribuídas de maneira uniforme na planta. Mas há plantas cujas flores possuem elementos importantes. Algumas com cunho apenas popular, outras cientificamente (com)provadas. Atente-se, aliás, que antes da era do fabrico dos medicamentos, as pessoas utilizavam plantas do meio ambiente para produzir remédios.
Os chamados 'medicamentos naturais' vêm, pois, do princípio dos tempos, passando grande parte de geração para geração por mera informação 'boca a boca'.
Mas voltamos ao tema principal desta edição - as flores - e busquemos a sua especificidade neste campo. A lista não é científica nem está completa mas Helena Câmara, da 'barraca de ervas' que tem no Mercado dos Lavradores, enumera, apontando para as espécies à venda, com os nomes por que são conhecidas na Madeira: 'Macela - para dores de estômago, aparelho digestivo…; teraqueiro - para a tosse; orégão - para condimento de peixe e carne mas como medicamento é bom para diabetes; sempre vivas - para a circulação; perpétua branca - asma e bronquite; selvageira - dores de estômago, digestão; perpétua roxa - roquidão, inflamação da garganta; véu de noiva - diarreia…'.
Estamos a falar apenas da flor das citadas plantas e o marido de Helena, José Câmara que mantém a 'barraca' há mais de 30 anos, dando sequência ao trabalho que a sua mãe desenvolvia, alerta para algumas curiosidades. 'Os nomes, por vezes, mudam de terra para terra, mesmo só aqui na Madeira. Por exemplo, o 'rabo de gato' é conhecido como 'cavalinha' em São Vicente…'. Para além disso, existem plantas com mais do que uma designação: 'A 'sempre viva' também é conhecida por 'cuidados eternos' ou 'flores de papel', demonstra Helena Câmara.
Só com 'plantas e ervas madeirenses', esta barraca situada no primeiro andar do Mercado dos Lavradores é alvo da curiosidade tanto de locais como de forasteiros. 'Os estrangeiros agora compram mais', confidencia José Câmara, sendo no cômputo geral a macela o 'produto' mais requerido.
A macela (Anthemis nobilis), de facto, assume-se como uma planta de referência dos madeirenses. Por vezes até chamada de 'marcela'.
Aliás, é caso para ordenar: 'quem não tomou, já, um chá de macela, coloque o dedo no ar!'. Está a ver amigo leitor, ninguém ficou com o braço em baixo… E motivos há em grande número: as propriedades medicinais da macela são diuréticas, antiespasmódicas, antiflamatórias, sedativas e bactericidas, podendo curar ou aliviar dores de cabeça, cólicas abdominais, diarreias, má digestão, flatulência, cistite, nefrite, acidez estomacal e tosses espasmódicas.
Por algum motivo a macela aparece citada, nalgumas publicações, como 'falsa camomila'. Tão parecidas que se confundem, se a macela faz bem, a camomila não lhe fica atrás. As descobertas empíricas de Dioscórides, na Antiguidade, sobre a acção emenagoga da camomila viriam a ser cientificamente comprovadas 19 séculos mais tarde. O chá destas flores age sobre o sistema imunológico, ajudando a combater infecções gripais, sendo também indicado para dores menstruais, actuando, ainda, como relaxante do sistema nervoso.
Há outros exemplos de 'flores que curam'. A malva é um deles. António Mendes, adepto confesso de 'plantas e ervas medicinais', garante que a flor de malva, sob a forma de chá, 'tem uma capacidade anti-inflamatória extraordinária'. E a flor de sabugueiro, indicada para combater gripes e constipações, aliviando as vias respiratórias? E a flor de carqueja, cuja infusão é aconselhada para combater gripes, pneumonias e bronquites? E a flor da giesta, em 'forma de água de cozedura', um bom diurético e tónico cardíaco? E a flor de hortense - sim, a hortense, mais conhecida entre nós por 'novelos' - que se apresenta para o combate a queimaduras e frieiras? E a flor das margaridas? E dos malmequeres? Qualquer uma destas aconselhada para a purificação do sangue? E as bonitas (flores) violetas que em chá ou em xarope servem para fazer face a problemas de bronquite, gripe, sarampo e angina de peito? E a flor da erva cidreira, para dores de cabeça e má digestão? E a (pequena) flor de tília, árvore sagrada das antigas civilizações germânicas, forte no combate à má digestão, a perturbações nervosas, cólicas abdominais…? E a flor de lavanda ou alfazema, cujo chá é bom para a asma e cujo óleo é recomendável para alergias de pele, eczemas e queimaduras, para além de produzir um perfume que faz parte da História…? Já, agora, por que não experimentar um banho de flores de alfazema que, dizem, é 'remédio santo' para as insónias…?
Sim, as flores têm 'poderes' que devem ser aproveitados não apenas por intermédio de infusões. Há quem garanta que nada se compara à acção dos óleos das flores contra as dores. Exemplos: óleo de macela contra as entorses, as fracturas musculares e as nódoas negras; óleo de hortelã para pôr fim ao cansaço dos pés; óleo de hipericão para cicratizar...
As propriedades medicinais e de cura das plantas - e de algumas flores - não podem ser colocadas em causa. Ivo Freitas, da Ervanária Bom Pastor, é, claro, adepto destas práticas. À venda tanto estão flores secas como em cápsulas e em óleos. 'A acção terapêutica é a mesma mas as pessoas preferem as flores e folhas secas', informa. 'Importante', realça, 'é haver informação correcta', foca outro elemento da casa, João Franco, com José Paulo a acrescentar que 'só se deve tomar aquilo que for necessário'.
Nesta ervanária até há flores de fava - indicadas para quem sofre de reumatismo -, numa lista que inclui alfazema, carqueja, perpétua roxa, laranjeira, anis, rosmaninho, alecrim, jasmim, rosas rubras, giesta. Flores secas com quase todas a ter correspondência em cápsulas ou em óleo.
Duas notas que merecem ser destacadas: nem todas as plantas, flores, folhas ou raízes têm propriedades benéficas - algumas podem, até, colocar a vida em risco - e uma visita ao médico é sempre aconselhável. Até porque pode ser perigoso o descambar para uma curandeirice irresponsável...


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